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Um dos efeitos mais preocupantes a nível global da pandemia da COVID-19 está relacionado com a educação. Com a suspensão das aulas presenciais, aproximadamente 1,5 bilhões de estudantes de 174 países ficaram fora da escola, segundo dados da UNESCO. Para além dos impactos na aprendizagem, a perda da rotina escolar e o confinamento também trazem impactos negativos para o bem-estar da população mais jovem.
Preocupado com esta situação, o Programa de Políticas Educacionais Warren organizou uma série de encontros com os/as professores/as que fazem parte de sua comunidade educativa, a partir das quais pôde compreender as dificuldades deles/as durante o período de aulas remotas. Seguindo essas conversas, o Programa procurou apoiá-los/as no seu trabalho adaptando os materiais e conteúdo do seu projeto Cidadania e democracia desde a escola para o contexto da pandemia. Com esses materiais, os/as professores/as puderam gerar um espaço seguro para discutir com seus/suas estudantes temas relacionados com a cidadania democrática em tempos de Covid-19. Procurando engajar os/as estudantes nesse contexto no qual manter a rotina escolar tem sido um grande desafio, afinal, 4,8 milhões de estudantes entre 9 a 17 anos não possuem acesso à internet no Brasil, afetando ainda mais aqueles/as jovens em situação de maior vulnerabilidade social, o Instituto Auschwitz decidiu promover um concurso com o objetivo de premiar a produção artística de estudantes das escolas estaduais participando do desenvolvimento do projeto Cidadania e democracia desde a escola no primeiro semestre de 2020. Para o concurso, o Instituto Auschwitz recebeu 34 produções autorais dos/as estudantes, incluindo histórias em quadrinhos, desenhos, fotografias, vídeos e música. No dia 27 de agosto foi iniciado o processo de votação do concurso Cidadania e democracia desde a escola em tempos de Covid-19, e após 10 dias de votação aberta ao público foram recebidos 1544 votos válidos. Abaixo, confira os/as vencedores/as. Na categoria de 9 a 11 anos, com 302 votos, a produção vencedora foi a história em quadrinhos do estudante de Brasília, Ariel, de 9 anos de idade, que relata a vida de uma família pobre durante a pandemia do Covid-19. Para conferir a história completa, clique aqui. O estudante Ariel gravou um vídeo para sua professora Dayane, contando um pouco o que aprendeu e como foi participar desta iniciativa:
Segundo a professora Dayane:
Participar do concurso em 2020 foi um desafio devido ao contexto educacional que vivemos. A discussão dos temas transversais ligados à pandemia me aproximou mais da realidade dos estudantes, assim como também mostrou minhas fragilidades como pessoa e como profissional. Fiquei extremamente feliz com o interesse e participação de todos os estudantes, além do esforço e dedicação das famílias em apoiar a iniciativa. O diálogo no processo de ensino e aprendizagem é essencial e, a partir dele, há construção significativa de conhecimentos para a vida.
Na categoria de 12 a 15 anos, a vencedora é a estudante Celina Raquel, de 15 anos, do estado da Paraíba. A fotografia de Celina foi resultado das discussões sobre direitos humanos, violência contra a mulher, depressão, racismo, entre outros temas relacionados, dentro do contexto da pandemia da Covid-19. A fotografia de Celina recebeu um total de 139 votos. Para conferir a foto em tamanho original, clique aqui. A professora Luana, que realizou essas discussões com seus/suas estudantes, fez um relato sobre como foi desenvolver este projeto:
Neste período singular no qual estamos vivendo é preciso estar atento aos estímulos criativos que surgem no dia a dia dos nossos alunos. Costumo dizer pra eles que a criatividade é um exercício. Todos nós nascemos com ela, mas só alguns exercitam durante a vida._ A pandemia nos colocou no posto de igualdade, talvez pela primeira vez em toda modernidade. Nos mostrou que somos de carne, osso e coração. Que aqui dentro vive um ser humano cheio de planos, medos e expectativas. Que o progresso existencial vai muito além de um bom emprego e de um bom marido. A descoberta do bem comum, da felicidade compartilhada, da caridade fraterna nos une em progresso humano. A pandemia deixou isso mais claro. Como deixou mais claras as nossas fraquezas. Os egoísmos, os narcisismos, as maldades diversas. Estamos vendo tudo ampliado. O olhar está mais atento. O coração mais sensível. Com tudo isso deixamos o olhar dizer o que pensamos e sentimos. O olhar registrado na fotografia. Esse olhar disse muito sobre os nossos alunos nesse período de pandemia e de ensino remoto. E o mais incrível, disso muito sobre nós mesmos.
Por fim, Na categoria maiores de 16 anos, com 85 votos, o estudante premiado é Leonardo, também de Brasília, que compôs a música _O coronavírus_, que você pode ouvir clicando aqui. O concurso organizado pelo Instituto Auschwitz tinha como objetivo principal fomentar o engajamento dos/as estudantes nesse momento de afastamento das salas de aula. No total, segundo o relato dos professores/as, participaram das discussões e atividades propostas pelo Instituto Auschwitz mais de 400 estudantes de 7 escolas da rede de ensino público do Distrito Federal, São Paulo e Paraíba. Ciente de que a importância e objetivo desta iniciativa era contribuir na criação de um espaço de reflexão sobre temas importantes e fomentar a participação e a criatividade dos/as estudantes, o Instituto Auschwitz irá entregar um prêmio de participação à todos os/as estudantes que enviaram suas contribuições. Todos os prêmios do concurso têm finalidade educativa.